Desabafo

Eu saberia onde chegar, até encontrar com o medo de frente.
O coração ta pequeno em alguns pedaços, não sei ao certo qual caminho nem se ao menos quero dizer.
Já disse e esbravejei tantas palavras ao vento, soltas por ai se perderam.
Aqueles que eu queria tocar, já não toca mais.
E a mim, por onde irei restar?
Restarei por vestígios de alguém andando sozinha pela rua, com medo das luzes, do barulho, pedindo ao silêncio que me leve pra bem longe, onde ninguém possa me tocar, onde eu não sinta ninguém.
As vozes não se calam, o vento não me leva, e a rua longa se torna, a chuva se misturou as minhas lágrimas, já se foram os detalhes, já se foram as minhas marcas, agora sou intervalos de segundos num pedido desesperado de ajuda.
Olhar pro céu e enxergar a esperança que poderia me abraçar, mas cadê a divina ajuda? Cadê a parte que é oculta aos olhos porém perceptível ao coração?
Desespero se segue em meu peito, abafando mais ainda as batidas, a mistura do barulho de uma rua cheia de carros em plena segunda com as vozes do meu próprio pensamento.
Por onde eu sigo se me perdi e agora me desfaço em pedaços deixando por ai cada parte minha na carne ferida pela vida?
Hoje já não serão tão belas as palavras, hoje o que me convém é me expor ao meu estado atual, sem figuras coloridas ou palavras floridas.
A verdade é essa, temo o medo, temo o tempo, temo minhas vozes, temo o futuro, temo o medo de amar assim pra sempre, temo minhas lembranças, temo o esquecimento, temo a tudo isso que hoje se desprende da minha alma e que se torna meus pensamentos.